A menina dos olhos verdes
Sob um guarda chuva escuro e grande, Nos abrigavas, Mais ou menos metaforicamente, E quando a sua aba se erguia, Fitavas-me, Num olhar semi-cerrado, Desconfiadamente. Jovem e incerta de futuros Indagavas, Com esses teus lindos olhos verdes Os mapas das terras que descobrias, E os muros que de rompante derrubavas, Corajosamente. Ansiava eu somente, Poder fruir Da luz que neles insidia, Tornando-os verdes, E contrariando a escuridão, Intensa, Mas delicadamente. As palavras que da tua boca saiam, Tão eloquentemente, Pairavam como poemas em flor Que ostentavas no cabelo aos caracóis, Orgulhosamente. Mesmo sem te conhecer, Percebi, inequivocamente, Um poder que detinhas Nesse teu sorriso, Naquele em que me lavei de magias, Assim, intensamente. Esses olhos que vi outrora, Raiam-se de sangue, Ardentemente, Noutro verde semelhante, Mais garrido e voraz Mas não menos surpreendente. Os mesmos que sempre procuro, Hoje navegam, Entre prados de sentimentos, ...