O mar, o céu e as gaivotas
Céu azul e chão oscilante,
Naquela feliz e desenevoada tarde
Em que o sol brilhava, incandescente,
Como a maior estrela do Universo.
Será?
Suado, no meu andar tímido,
Praticava na minha imaginação um diálogo,
Um discurso ensaiado que repetia para mim
Faltava-me confiança
Para navegar para um novo mundo
E a falha não era uma opção.
O mar da vida, na sua bravura,
Tinha decepado todos os portos,
Naufragado todos os barcos
E com eles, todas as esperanças,
Ou quase todas.
Restavam apenas o mar, o céu e as gaivotas.
As sandálias escuras rasaram a relva seca,
Num som quase metálico,
Firmando o chão que deixara de ser oscilante.
Lá no fundo do jardim, ele aparecera
Sentado, a fitar-me,
Com um olhar banhado em esperança
E uma lágrima do mesmo sal
Do mar em que naufragara.
O primeiro instante passou a horas
Neste mar calmo e promissor
Que aceitara navegar,
Mesmo ainda sem barcos ou jangadas.
Demos a mão e saltámos juntos.
Nos seus olhos vi o horizonte
No seu beijo, vi o futuro
No seu coração, vi o amor
E soube que seria para sempre.
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